Imagine que você está no meio de um pesadelo, ao seu redor tudo está escuro, algumas velas acesas no chão com símbolos desenhados, como em um ritual. Um homem com capús está fazendo movimentos com os braços como se estivesse esfaqueando o ar, então, em um piscar de olhos, você se vê dentro de um banheiro público esfaqueando de verdade alguém que você nunca viu antes.
Esse é o inicio da trama de Fahrenheit, publicado na américa do norte como Indigo Profecy.
O personagem principal da trama é Lucas Kane, um cara qualquer que acaba se envolvendo por acaso (ou não…) em um assassinato. Os outros dois personagens controláveis são os detetives Tyler Miles, e Carla Valenti. Ambos com personalidades bem marcantes diga-se de passagem. Ou seja, você precisa esconder seus rastros para que a polícia não descubra que você é o assassino mas ao mesmo tempo agir como policial e descobrir quem é o culpado. Parece estranho, mas os desenvolvedores até que souberam lidar com isso bem no decorrer da trama, que revela uma surpresa atrás da outra.
O jogo foi laçado em 2005, publicado pela Atari e desenvolvido pela francesa Quantic Dream.
Devo dizer que esse jogo me impressionou em vários aspectos quando o joguei, em meados de 2006. Posso arriscar a dizer que esse foi o primeiro “filme interativo” já lançado (não consigo lembrar de nenhum outro antes desse). Ele trás uma jogabilidade bem inovadora para um adventure 3D. Os personagens que você controla durante o jogo se movem como qualquer outro adventure, mas as interações com o mundo são feitas de forma diferente. Por exemplo, há um momento em que você controla Tyler em uma partida de basket. Nesse momento aparece um “Get Ready!” no meio da tela e alguns botões que você precisa apertar na seqüência que eles piscarem, exemplo esquerda, pra cima, direita, direita. Se você apertar na seqüência certa e no momento certo ele acerta o drible e marca ponto, caso contrário ele é barrado e perde a bola pro adversário. Esse mesmo sistema se repete em vários momentos do jogo, desde tocar guitarra para relaxar até lutar boxe.
E falando em relaxar, é interessante dizer que o medidor de “vida” no jogo (na verdade, um dos medidores) é o nível de tensão do personagem. Atitudes que você toma podem te deixar deprimido, aflito, bem como podem te deixar animado. O problema é que se você ficar muito deprimido pode acabar enlouquecendo e a história acaba ali mesmo. É, o jogo acaba, por isso é bom pensar antes de tomar certas decisões.
Dito tudo isso creio que alguns devam ter se lembrado de Heavy Rain, certo? Bom, comigo aconteceu o contrário. Lembrei na hora de Fahrenheit quando Heavy Rain foi lançado em 2010 e não foi por acaso, ambos foram criados pela Quantic Dream. E pelo que assisti e li sobre Heavy Rain tive a impressão de ser uma versão mais moderna e aprimorada de Fahrenheit, com uma jogabilidade bem similar. E claro, enredo voltado a investigação policial em forma de filme interativo.
Fiquei com muita vontade de joga-lo, mas infelizmente esse só foi lançado para Playstation 3.
De qualquer forma, se você, como eu, não tem Playstation 3, pode e deve experimentar Fahrenheit sem medo. Os gráficos vão parecer meio toscos comparando com os jogos de hoje em dia, mas existem vários fatores positivos que valem a pena serem conferidos.
E até que a detetive Carla ficou bem sexy só de calcinha e blusinha em seu apartamento…