Acho que é a primeira vez que farei jus ao título da minha coluna. Pra começar com o pé direito este respeito ao título, vou falar de um game no mínimo muito interessante: O “Everyday shooter”.
O game em si relembra os tradicionais “side scroller shoot-em-up”, melhor conhecido como “jogos de navinha”, como o R-Type.
Mas as semelhanças param por ai. No jogo, ao invés de controlar uma nave, você controla um ponto quadrado brilhante. Isso mesmo, só um ponto, sem detalhes gráficos adicionais. O que nos leva a próxima afirmação: os gráficos são totalmente cartunizados e geométricos, sendo que algumas formas se juntam para, às vezes, dar uma vaga idéia do que pode ser um tanque ou uma nave. A “fase” do jogo se resume a tela do seu computador, então você na verdade não “avança” na fase, mas fica restrito a este espaço que em questão de segundos é lotado de inimigos.
Não há enredo, o objetivo é apenas sobreviver até o fim da música, e este é mais um detalhe interessante que leva a definição real do jogo: é um shooter “abstrato”, onde todos os sons costumeiros de explosões ou power ups são substituidos por notas ou riffs de guitarra. Cada fase na verdade corresponde a música que está sendo tocada, e reparando no nome da fase, vê-se que na verdade está mais para título de música. O foco do jogo deixa de ser a destruição em si, para ser a música e a relação que ela tem com as formas geométricas que são os inimigos. Tanto que alguns definem o Everyday Shooter como um “Shooter Musical”.
O jogo foi desenvolvido e produzido por uma só pessoa, Jonathan Mak, em questão de meses. Sem esquecer da parte musical: o próprio Jonathan tocou cada uma das músicas e cada um dos riffs e acordes presentes no jogo.
Ao longo da fase/música, a tela coalha de inimigos, e cabe a você, ponto capaz de atirar em todas as direções, sobreviver e fazer combos de destruição, ou melhor, reações em cadeia. Cada fase possui uma forma diferente de iniciar uma reação em cadeia que pode matar de uma só vez grande parte dos inimigos presentes. Cada inimigo morto deixa um ponto brilhante, que você coleta para comprar benefícios para o proximo jogo, como vidas extras, poder escolher qualquer fase, ou mudar as cores dos inimigos.
Não se deixe enganar pelo aspecto musical: este é um daqueles jogos que chega praticamente a ser frustante por causa da dificuldade. Por isso é importante coletar os pontos, vidas extras são fundamentais.
A verdade é que toda essa dificuldade insana vai sendo camuflada pela música envolvente e quando você menos percebe está morrendo, mas não está dando a mínima.
O jogo está disponível na PSN européia e na Steam por qualquer preço merreca insignificante o suficiente para eu nem fazer questão de citar aqui.
Sem dúvida é uma obra prima do game alternativo, e se você gosta de algo que rompa com a barreira do convencional, “Everyday Shooter” vai ser um prato cheio.
Para finalizar, deixo aqui a definição do autor do jogo:
“E se seu pai tivesse feito você apenas como um ponto brilhante, e a musica na sua cabeça não tivesse nenhum lugar pra ir.. a não ser pra fora?”
Everyday Shooter – Fase 1 – “Robot”
Everyday Shooter – Fase 5 – “Build 88″